quinta-feira, 28 de julho de 2011

A logística do meu nome

Todo mundo sabe que o meu nome é uma coisa de louco. É uma aberração, uma anomalia. Há quem diga que minha mãe estava sob efeito de um pozinho quando o inventou. Piadinhas são frequentes e claro, sempre tenho que explicar: “Não é apelido não, meu caro. É nome mesmo.”
Vivo rodeada de crianças no meu trabalho, e constantes são as situações envolvendo o dito cujo. Dia desses, a turma entra em cheio na minha sala. Queriam tirar um retrato, uma foto lindona pra enfeitar a mochila de um projeto.
Uma possível foto dos anjinhos, sendo
 fotografados pela Tia que vos escreve.
É uma sala agitada, tive que libertar meu lado Super Nanny pra dar conta do recado. Tinha criança fazendo meus livros de chapéu, arrebentando a cara dos meus fantoches esquisitos. Resgatei moleque até do ventilador. 27 minutos. Coloquei-os sentadinhos. Todos bonitinhos, coisa linda. Passaram até perfume. Com a câmera na mão, pedi pra que dissessem coisas legais, pra que saíssem todos sorridentes na fotografia. Lá se foi: “Caroliinaaaaaa!” – saiu um com o dedo no nariz. “De novo!” – eu exclamei. E lá se foi mais uma tentativa: “Tiaa Claudinéiaaaaa!” – tinha um pivete amarrando o cadarço (ISSO É HORA DE AMARRAR CADARÇO, MINHA GENTE???). “Mais uma vez!” – eu disse empolgada. “Tiaa Adriaanaaa!” – tentaram as criaturinhas mais uma vez. Quase enfartei quando, ao ver a foto tirada, observei que a garotinha saiu “vesga”. Vocês sabem bem que eu tenho um certo trauma com crianças estrábicas. Mas enfim. Foram-se umas 39 tentativas de foto. Até que, cansado, exausto, quase desistindo de ter de falar tantos nomes, o doce aluninho ergue o dedinho e diz, todo feliz: “Já sei, já sei! Agora, nós vamos falar: TIA LAAAICAA!” Enfurecido, o coleguinha ao lado lhe dá um “sopapo”, um “pedala-robinho”, um  mega tapa na orelha, e reúne todo o seu conhecimento para corrigir o querido colega: “Deixa de ser burro, moleque! É tia GRAICAA!!!” Seguro do que estava falando, volta o olhar para mim, com a cara mais lavada do mundo: “Né, tia?”.
Desliguei a câmera, dispensei-os para a sala. Que situação.

Eis a minha expressão de paciência,
querendo esganar os anjinhos.


2 comentários:

  1. Eu ri muito!
    Ahh, essa sua expressão, poucos tem a sorte de vê-la no dia-dia.

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  2. hahahah Fala ae Graicão!



    Nátaly Seckler curtiu isso.

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